quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Não passe aperto com as contas no começo do ano

     Muitas pessoas passam o ano inteiro no aperto quando o assunto é grana. Ou porque gastam mais do que ganham ou porque não sabem administrar o dinheiro da melhor maneira. Mas no final do ano, com a chegada do 13º salário, parece que vem o alívio. Porém, se a situação financeira foi mal administrada durante o ano todo, esse dinheiro extra pode não ser a solução de todos os problemas, pelo contrário, pode até ser a causa de um início de ano cheio de dores de cabeça.
     Pra te ajudar a se programar, o Jornal Veran conversou com a consultora e professora de finanças da FIA (Fundação Instituto de Administração) Tânia Cristina Silva Nunes, que aconselha aqueles que possuem dívidas “a usar o 13º para quitá-las, principalmente aquelas com altas taxas de juros, como as do cartão de crédito e cheque especial”.
     Já pra quem está tranquilo, sem dívidas, a consultora sugere: “antes de gastar tudo em presentes e festas de final de ano, lembre-se de economizar uma parte para ajudar a cobrir os gastos do início do ano seguinte, como impostos (IPVA, IPTU), material escolar, seguros e anuidades”.

Comece o ano positivo

     Anotar diariamente todos os gastos, mesmo aqueles menores como o cafezinho, por exemplo, pode ser um ótimo começo. “Para controlar seus gastos é fundamental conhecê-los. Muitas pessoas, sem se dar conta, comprometem boa parte da renda familiar com itens desnecessários”, alerta Tânia.
Conhecendo todos os seus gastos fica mais fácil administrá-los e conseguir a folga necessária nas finanças pra poupar e ter um dinheiro a mais para os gastos de fim de ano sem se endividar. Segundo a especialista, Tânia, “o ideal é que a pessoa comece a desenvolver o hábito de guardar uma parcela de sua renda todos os meses”.
     Para os disciplinados que conseguirem controlar o orçamento a dica é investir. “Além da tradicional caderneta de poupança, há outros produtos financeiros acessíveis, mesmo pra quem só dispõe de pequenas quantias. Um bom exemplo são os títulos públicos, que permitem aplicações a partir de 100 reais, com remuneração superior a da poupança e baixo risco”, explica a consultora.
     Os gastos de fim de ano, que principalmente as donas de casa conhecem bem, com festas, ceias, presentes, roupas e afins, podem deixar qualquer um de cabelo em pé. Por isso, tenha disciplina e gaste com sabedoria. Assim você começa o ano no azul, com todas as contas em dia e dinheiro no bolso. Quer maneira melhor de começar o ano?


Aprenda a controlar os gastos

     Pra terminar 2011 numa boa, uma ótima maneira é elaborar um orçamento familiar, que deve contar com a ajuda de todos os membros da casa e começar em janeiro.
     Faça uma tabela*, somando os rendimentos de todos os membros da família, aposentadoria e renda extra, se houver, e depois liste todos os gastos, começando pelos essenciais como aluguel, condomínio, água, luz, telefone, etc.
     Liste também outros gastos como roupas, cabeleireiro, gastos do dia a dia, etc. Faça as contas subtraindo os gastos da renda total e o que sobrar pode ter dois destinos: uma parte pode ser investida, criando-se um hábito de poupar mensalmente e a outra parte pode ser gasta da forma que a família desejar. Afinal, se todos foram disciplinados merecem uma recompensa!
     Mas se não sobrar e a conta bancária ficar no vermelho, sente, reveja os gastos e tente cortar os gastos com itens sem muita necessidade. Fique sempre positivo!

*O site www.meubolsoemdia.com.br da FEBRABAN (Federação Brasileira de Bancos) disponibiliza o download gratuito de uma tabela diária e uma anual, pra ter todos os gastos diários e mensais na ponta do lápis.

Outras dicas:

- Procure pagar as contas em dia pra evitar a cobrança de multas por atraso e os juros.
- Sempre que possível, compre à vista, evitando os juros embutidos no parcelamento das compras.
- Se não conseguiu evitar uma dívida, não se desespere. Procure as melhores opções de crédito com as menores taxas de juros, como o empréstimo pessoal consignado, por exemplo, que costuma ter uma taxa muito menor do que a cobrada no cheque especial.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Será que vai chover?

     A cena é a seguinte: é primavera, nosso personagem acorda, olha pela janela e o que vê é um céu cinza, tempo feio. Contrariando a lógica, acaba saindo pra trabalhar com uma roupa leve, já que “ontem fez um calor danado” e afinal de contas, é primavera. Resultado? De fato, fez muito calor à tarde, ele também foi pego desprevenido por uma tempestade, pois não levou guarda-chuva e, além disso, como não levou um casaco passou frio, à noite, ao voltar pra casa.
     Ultimamente essa cena tem sido frequente. É calor no inverno, tempestades de vento e granizo na primavera, muito frio no outono... Afinal, o que está acontecendo com o clima?
     Especialistas de vários centros de estudo do clima, como o CPC (Centro de Predição Climática) e o CPTEC (Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos), afirmam que a culpada é a La Niña. Esse nome te lembra alguém? Se você pensou no El Niño, acertou! O atual motivo de o tempo estar de pernas pro ar é uma “prima” do fenômeno que mudou as temperaturas e deu o que falar há alguns anos.
     A meteorologista Patrícia Madeira, da Climatempo, faz coro a essa afirmação: “ao contrário do ano passado que tivemos influência do El Niño, esse ano estamos sob influência do fenômeno La Niña, que é o resfriamento anormal das águas do oceano pacífico equatorial causado por ventos que mudam de intensidade”. O resultado pros brasileiros é um tempo mais frio e seco que o normal pra essa época.

Inverno na primavera?
    
     Dias de primavera com muito frio têm sido comuns neste ano e ainda de acordo com a meteorologista, apesar da forte influência da La Niña, as mudanças de temperatura nas estações de transição, ou seja, outono e primavera são normais.
     Porém, nada normal foi a forte tempestade que afetou a região de Guarulhos em setembro, causando muitos estragos aos moradores. “O que aconteceu em Guarulhos foi que a atmosfera estava muito quente e com a aproximação de uma massa de ar frio, houve a formação de nuvens carregadas”, explica a meteorologista Patrícia.
     Outro possível causador de todas essas mudanças seria o aquecimento global, que se tornou um dos assuntos mais polêmicos atualmente. Muitos acreditam que ele é o grande vilão das mudanças climáticas mais significativas no mundo.
     Para Patrícia “não podemos afirmar que o aquecimento global afeta o clima brasileiro de forma tão intensa, mas a urbanização com certeza. Ela potencializa os fenômenos climáticos, ou seja, quando o ar fica seco, fica bem seco, quando chove temos muita chuva”.
     E por falar em chuva, a meteorologista adianta que para o começo de 2011, na Grande São Paulo, a expectativa é de que chova menos do que o mesmo período de 2010. “Pra janeiro teremos uma temperatura bem mais amena com muita nebulosidade, ou seja, vários dias de céu nublado e chuva. Já em fevereiro a chuva diminui e o sol aparece mais forte”, prevê Patrícia.
     Pelo jeito a La Niña vai continuar dando as caras e mudando tudo por aqui. Portanto, ao sair de casa leve um casaco e não se esqueça do guarda-chuva! 
    



Como diriam os Paralamas: "será que vai chover? eu não sei não, não, não..."

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Preconceito animal, com consciência ele pode acabar



     Alguns cães são os preferidos, como poodle, shih tzu, yorkshire, labrador... Mas os cães da chamada SRD, sem raça definida, ou popularmente conhecidos como vira-latas acabam sendo preteridos.
     O principal motivo, de acordo com Karina Pirillo, presidente da ONG Adote Já!, de Mogi das Cruzes, é o preconceito. “A maioria das pessoas prefere um cão mestiço ou de raça, e isso se deve um pouco à mídia. É difícil, por exemplo, ver um artista ou uma propaganda que tenha um cachorro vira-lata”, afirma Karina.
     Mas de acordo com ela o preconceito maior é com o vira-lata adulto, pois a maioria das pessoas acha que um filhote é mais fácil pois o dono pode criar e educar do jeito que quiser. No entanto, a presidente da ONG explica que não é bem assim, pois “o filhote é uma caixinha de surpresas, porque nunca se sabe como vai ser a sua personalidade, que pode ser temperamental. Já um vira-lata adulto você já sabe qual é o temperamento, se ele é bravo, se é alegre, se é bom pra guarda ou não”.

Falta de sorte?

     Outro bichinho que sofre pra conseguir um lar é o gato de pelagem preta. Na cultura popular, desde a Idade Média, ele se tornou sinal de má sorte, mau agouro. A explicação pra tal superstição é a de que naquela época a Inquisição determinou que o pobre bichinho tinha ligação com o paganismo e a bruxaria, por ser um animal de hábitos noturnos e por ser da cor preta, que representava a magia negra. Por outro lado, em outras culturas ele é símbolo de prosperidade e boa sorte, assim como na Escócia, Inglaterra, França e no antigo Egito, em que era cultuado como divindade.
     Na cultura brasileira algumas pessoas ainda acreditam nessa superstição. De acordo com Karina, presidente da ONG Adote Já!, as pessoas têm muito preconceito não só com gatos pretos, mas também com cães de pelagem preta. “Pra você ter uma ideia, na feira de adoção que fazemos todos os sábados, os bichinhos de pelo preto são sempre os que sobram”, explica Karina.
     Ela acredita que a situação pode mudar com a conscientização de que a pelagem não determina nada além de estética. Um bichinho de estimação independentemente de sua raça e cor de pelo pode trazer muitas alegrias pra quem gosta de animais. E lembre-se: adotar um animal de estimação é adotar uma vida que vai precisar de cuidados e ficar com você por muitos anos!

Serviço:
     A ONG Adote Já! realiza todos os sábados, das 10h às 17h00, a feira da adoção. Segundo sua presidente, Karina Pirillo, eles doam cerca de 120 animais por mês. E pra adotar um bichinho de estimação é necessário ser maior de 21 anos, apresentar RG, CPF e comprovante de residência. Além disso o candidato passa por uma entrevista e assina um termo de responsabilidade. Mais informações pelo telefone: (11) 4796-2102 ou pelo e-mail: adoteja@hotmail.com. A ONG fica na Rua Duarte de Freitas, 246, em Mogi das Cruzes.


terça-feira, 28 de setembro de 2010

A incerteza, a espera e o amor

A incerteza é silenciosa e louca. Ela grita calada. Incerteza é se jogar no vazio, é se entregar e é ter medo. Medo do que não se conhece, aquilo que nunca se viu ou aquilo que já se viu, mas que não se sabe se vai dar certo.
A espera é uma dama ansiosa que também pode enlouquecer. A espera pelo que ainda não se sabe como vai ser pode ser uma incerteza disfarçada de fé. Acreditar que vai dar certo faz a espera ser mais amena. Incerteza e espera juntas deixam qualquer um fora de si.
Assim como o amor. Que deixa as pessoas fora de si, cheias de incertezas e esperando que tudo dê certo!
Meus pensamentos me ajudam a me perder e já não sei mais onde eu te encontro. Tantos nomes, tantos rostos. Será que em um deles você vai estar? Inteira e incompleta. Aquilo que já se perdeu, o que não foi e penso em como seria se eu não tivesse acreditado.
Já não sei mais quem nós somos. Naquele momento um pedaço de nós dois foi junto. Escorregou pelos dedos. As mãos não foram fortes o suficiente pra aguentar o peso de tanto amor.
Mas se é tanto amor porque tudo parece tão difícil? Ela sabe pra onde quer ir e onde quer chegar, mas mesmo assim está perdida. Ele tenta se apoiar naquilo que ela foi um dia e sabe que ela consegue chegar onde imagina. Mas no momento os dois estão perdidos, estão surdos. Como disse a letra, eles vieram e estão do avesso, reverso do que é aceito. E continuo me alimentando do meu silêncio. E o silêncio me diz que é amor!
E ele também sabe que é amor e ela sente lá no fundo aquela dor que só sente quem tem muito amor. As coisas podem mudar, mas uma hora ou outra tudo torna a ser igual. E então? Você vai conseguir conviver com a rotina outra vez? A rotina de hoje é a incerteza, o medo e a espera. A rotina de amanhã pode ser felicidade, muita felicidade, mas vai continuar sendo incerteza e espera.
Ele disse certa vez que tudo na vida é amor ou expectativa de amor. A vida vai ser sempre incerteza, espera e amor.
E eu, nesse momento, sou só incertezas, espera e amor...

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Confissões das Mulheres de 30


Depois de toda essa loucura de quase 30, crise e tudo o mais é bom dar uma respirada e muitas risadas com um bom espetáculo de teatro. Que tal? A dica é a peça de Domingos de Oliveira “Confissões das Mulheres de 30” com as atrizes Juliana Araripe, Camila Raffanti e Patrícia Pichamone. Foi o programa do fim de semana e valeu muito!
Eu tiraria umas pouquíssimas frases, que particularmente achei meio exageradas e forçadas demais (que fique claro que não deixei de rir mesmo nesses momentos), mas no fim saí do teatro, não de alma lavada, acho que não é o objetivo da peça, mas pelo menos mais leve. Afinal, rir sempre deixa a gente mais leve né?
Fiquei com vontade de ver de novo, mesmo porque em determinado momento uma das atrizes, a Juliana, que aliás é bárbara, muito engraçada e desbocada que nem eu, teve uma crise de riso, que aparentemente fazia parte do script, mas que eu achei que foi uma crise de riso mesmo. Daquelas incontroláveis, que se tem que respirar, ou tentar, e pensar em algo bem triste pra ver se a normalidade volta.
Uma peça que dá pra se identificar. E não só as mulheres, já que são elas que confessam, mas os homens também fazem parte dessas confissões e também se identificam. O que se vê em alguns momentos são cutucões no marido/namorado/ficante ou o contrário. Na sessão que eu assisti, particularmente, um certo rapaz, com certeza, foi obrigado a dormir no sofá naquela noite depois de rir escandalosamente numa parte um pouco comprometedora pra sua companheira.
No final, o que fica é uma boa reflexão de uma das melhores fases na vida de uma mulher. Como diz o texto (mais ou menos): “Uma criança não tem passado, uma velhinha tem muito passado, mas não tem muito futuro, mas uma mulher de 30 tem os 2”. Vale a pena!

Juliana Araripe, Camila Raffanti e Patrícia Pichamone
Serviço:
“Confissões das Mulheres de 30” está em cartaz até 10 de outubro no Teatro Jardim São Paulo na Av. Leôncio de Magalhães, 382 – Santana – São Paulo.

Quase 30... quase crise?


Tenho que ser uma mulher bem sucedida. Tenho que ser uma filha dedicada e uma amiga leal. Tenho que ser dona de uma carreira brilhante e ter, atualmente, um ótimo cargo, numa ótima empresa, ou ter minha própria empresa que fatura, no mínimo, 6 dígitos por ano, afinal já tenho quase 30. Tenho que ser muito bem casada, ou muito bem descasada. Tenho que cuidar bem da(s) criança(s) e ser uma mãe perfeita. Tenho que cuidar do meu marido, ou ex, afinal já tenho quase 30 e já deu tempo de ser mãe e ter ex-marido.
Tenho que ser dona de uma bela casa e de um carro do ano, afinal tenho um ótimo emprego naquela ótima empresa, que valoriza meu trabalho, minha competência, meu talento e me paga muito bem.
Tenho que ser uma mulher gostosa, sem gorduras localizadas, bunda flácida ou peitos modestos. Tenho que ter feito pelo menos uma cirurgia plástica e frequentar a academia pelo menos 3 vezes na semana, afinal tenho quase 30 e com quase 30 o metabolismo costuma ficar leeeeento.
Tenho que saber tudo! Desde os preços no supermercado até o atual panorama da situação político/econômica do país, passando por trocar o pneu ou verificar se o nível do óleo do carro está bom.
Tenho que me vestir bem, ser antenada em moda, estilo, comportamento e se eu for bem descasada, tenho que saber que dar no primeiro encontro já não é mais tão ruim, afinal tenho quase 30 no século 21. As mulheres (quase) conquistaram o seu espaço e respeito e podem dar pra quem quiserem quando bem entenderem!
Diante de tanta pressão por ter que ser e ter um monte de coisas só porque tenho quase 30, entro em parafuso. Crise? Pode ser... Tenho ouvido muito falar em crise dos 30 anos, talvez porque eu esteja beirando os 30. Dizem que quando você está com uma coisa na cabeça tudo o que você ouve ou vê tem a ver com essa coisa.
Me perguntaram se eu tenho medo da crise dos 30. Acho que não... Medo, medo mesmo talvez não. Mas sinto um troço estranho... É como se eu tivesse perdido quase 30 anos porque ainda não tenho nem a metade de tudo o que uma mulher de quase 30 tem que ter.
Tenho que admitir que estou longe de ser uma filha dedicada. Amiga leal eu tento ser, mas também tento não ser tão leal pra não correr o risco de me decepcionar.
Não tenho um emprego perfeito que me paga rios de dinheiro, mal tenho um emprego. Não tenho a minha própria empresa que fatura mais de 6 dígitos por ano. Ainda não sou bem casada nem bem descasada e meu relógio biológico me diz diariamente que tenho que ter uma criança logo (acho que até os 32 eu chego lá).
Tenho quase uma casa. Ela ainda não tá pronta e nem tá paga, também estamos quase lá (digo estamos porque com o meu não-emprego e a módica quantia que o namorado recebe no cargo público temos que contar com pai e mãe-trocínio, no caso sogros-trocínio). Não tenho o carro do ano, nem carro eu tenho.
Meu metabolismo ficou leeeeento, não fiz nenhuma cirurgia plástica (ainda), tenho peitos modestos, algumas gorduras localizadas cultivadas sem muito esforço ao longo desses quase 30. Pelo menos a bunda ainda não tá tão flácida. Não me visto conforme a moda. Nem sou antenada nessas coisas. Na verdade, na maior parte do tempo me visto como se ainda tivesse 20. E não é por causa da crise dos 30. É meu estilo mesmo... Ou falta de...
Não sei tudo! Admito. Sei bem menos do que gostaria e do que imaginava que eu saberia com quase 30. Por outro lado sei bem onde não quero chegar. O que não quero ser. E uma das coisas é que não quero ser neurótica nem ir conforme a maré só porque acho que não tenho forças pra fazer o contrário. Tenho a mim. Inteira. Às vezes, sou só pedaços, mas consigo me achar.
Tenho muito mais do que sei que mereço, mesmo não sendo escrava dessas coisas todas que se tem que ter com quase 30. E sim, sou feliz! E daqui a um ano poderei dizer com orgulho que conquistei muito mais do que queria. E daqui a um ano farei melhor o amor.

“As jovens sonham melhor o amor, as mais velhas conservam sua recordação. As mulheres de 30 fazem melhor o amor.” (Domingos de Oliveira)

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Sushi


         Gosto muito de comida japonesa, mas infelizmente meu corpitcho não aceita o peixe cru. Já tentei e confesso que gostei... O problema é que quando como sushi ou sashimi (não tenho certeza se a culpa é mesmo do peixe cru, da raiz forte ou da alga e acho que não quero tirar a prova, enfim...) sei que viro uma rainha! Sim, a semana inteira sentadinha no trono. Péssimo! Apesar que pode ser uma ótima dieta de emagrecimento né? Melhor que tomar laxante.
Bom, como eu nunca tomei laxante, não gosto de ir contra a natureza, não vou comer algo que me faz mal, apesar de ser gostoso. Mas nesse caso o custo-benefício não vale a pena. Enfim, já que não posso devorar um sushi, resolvi devorar outro Sushi. O livro. Ganhei do namorado no aniversário de 29 anos... Será que esse presente foi uma mensagem subliminar? Acho que não. Como gostei do Melancia ele quis me agradar, e conseguiu!
Foi difícil dormir essa noite. Não sei dizer se por causa do frio, da falta de sono mesmo ou da minha empolgação ao ver que só restavam 60 páginas para serem devoradas (com um livro de 569 páginas, quando faltam só 60 é quase um milagre divino). Resultado: depois de me esquentar muito com o secador de cabelos terminei o bendito.
Bem legal viu? Ri, chorei, fiquei com raiva, quis vingança, senti a mesma coisa das personagens e elegi minha preferida (não vou contar qual foi, leiam e escolham a sua). Só sei que é um livro que te envolve. Uma história bem comum, muito próxima da realidade e que poderia virar filme numa boa.
Lisa é uma diretora de revista feminina de sucesso, em Londres, e vê sua vida de glamour ir por água abaixo quando é mandada pra Irlanda, pra começar do zero uma revista feminina numa cidade provinciana. Além disso está às voltas com um divórcio complicado.
Ashling mora na Irlanda e está a procura. De um emprego, de um grande amor e da vida que sempre sonhou pra si. Ela acredita que todas as mandingas que faz um dia vão surtir efeito.
Clodagh é a melhor amiga de Ashling e está na dúvida se sua vida perfeita é tão perfeita como todos dizem. Casada com um marido dedicado (e ainda por cima gostoso) e mãe de 2 filhos lindos, ela se sente vazia e anseia por algo diferente.
A história dessas 3 personagens se entrelaça e a coisa não é tão simples quanto parece. Como eu falei, o livro te envolve e te faz querer ver o que acontece logo mais. Em alguns momentos os acontecimentos são tão surpreendentes que te fazem prender a respiração, em outros você suspira, há também momentos em que você se emociona, se questiona... Ah, tô falando que nem mulherzinha porque esse é um livro típico de Marian Keyes, de mulherzinha mesmo. Mas que todo homem deveria ler... #ficaadica (rsrs)


domingo, 8 de agosto de 2010

Em cartaz nos cinemas: o 3D


Foi-se o tempo em que ver algo em 3D era coisa da imaginação, de um futuro muito distante ou privilégio de alguns parques de diversões mais modernos que contavam com atrações futurísticas. A tecnologia avançou rápido, invadiu os cinemas e em breve vai invadir a sua casa.
Na verdade, a tecnologia tridimensional é bem mais velha do que a maioria das pessoas imagina. Ela tem quase 100 anos e foi utilizada pela primeira vez no cinema, no filme The Power of Love, em 1922, mas não emplacou muito na época devido aos altos custos de produção. O recurso voltou, mais moderno, em 2005 com o pioneiro Chicken Little.
Porém, 2009 pode ser considerado como um marco da tecnologia, mais precisamente com o filme Avatar, do diretor James Cameron, que causou muita polêmica, levou milhões de espectadores aos cinemas no mundo todo, arrecadando mais de 1 bilhão de dólares em apenas 17 dias e parece ter consolidado o formato.
Tanto que a moda pegou e o que se vê são muitos lançamentos cinematográficos que utilizaram a técnica como Viagem ao Centro da Terra, Os Fantasmas de Scrooge, Era do Gelo 3, Bolt – Supercão, Como Treinar o Seu Dragão, Alice no País das Maravilhas, Fúria de Titãs, entre outros.
O sucesso de bilheteria de todos esses filmes foi tão grande que a indústria cinematográfica norte-americana viu nisso motivo de sobra para investir cada vez mais em filmes com esse recurso. Prova disso é que mais de 150 filmes em 3D estão em fase de desenvolvimento.
Mesmo porque com a pirataria e a facilidade de baixar um filme na internet e assistir em casa, o número de pessoas que ia aos cinemas diminuiu muito fazendo com que as produtoras de filme (re) criassem mecanismos para atrair o público novamente às salas de cinema.

Entenda como funciona

A tecnologia é cara e é preciso muito investimento para a produção de um filme com esse formato. Pra se ter uma ideia, o Avatar foi o mais caro da história do cinema, com um custo de aproximadamente 500 milhões de dólares. Por outro lado, o filme fez tanto sucesso que se tornou a quarta maior bilheteria de todos os tempos em apenas 3 semanas.
Pra se fazer um filme como esse, que misturou computação gráfica com atores reais, as técnicas utilizadas são caras mesmo. É necessário o uso de equipamentos, câmeras diferentes das convencionais, mais tempo e atenção aos detalhes do que nos filmes comuns. Além, é claro, de salas com projetores e sistema de som especiais.
O segredo é usar os óculos para enganar o cérebro. É isso mesmo. Na captação das imagens são usadas duas câmeras separadas pela mesma distância dos nossos olhos (pra entender melhor, olhe para algum objeto e compare as imagens que enxerga com cada olho). Essa diferença cria a noção de profundidade e quando essas duas imagens são projetadas na tela de maneira mais rápida que o normal, os óculos com lentes polarizadas ajudam na tarefa, ou seja, uma lente identifica os raios de luz verticais e a outra os horizontais. Assim, cada olho só recebe a imagem de um dos projetores, e o cérebro soma as duas visões simulando relevos e volumes tridimensionais.

Cinema em casa

Parece que a tecnologia voltou para “salvar” a indústria do cinema e acabar de vez com a pirataria não é mesmo? Mas ao que parece, não é bem assim. Os televisores 3D chegaram ao mercado esse ano. Aí os downloads piratas vão entrar com força no mundo tridimensional.
Esses aparelhos ainda custam muito caro, assim como os ingressos do cinema 3D, mas em breve o custo ficará menor e a aquisição muito mais viável. Portanto, os pessimistas podem dizer que o cinema está com os dias contados. Por outro lado, também diziam que o rádio morreria com o surgimento da TV e o cinema sobrevive há um século como uma das opções de lazer mais queridas no mundo todo. Afinal de contas, ir ao cinema é muito legal. Em 3 dimensões então, melhor ainda! Agora vamos ver o que falta inventar.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Como educar seu cachorro

Várias histórias já mostraram que o cão é o melhor amigo do homem, mas muitos proprietários desses lindos animais não entendem porque o seu bichinho de estimação, muitas vezes, não obedece, pula nas visitas, come objetos ou tem comportamentos estranhos.

Os cachorros também ficam ansiosos, se estressam e assim como nós, humanos, eles também têm a necessidade de aprender e cumprir regras. Além disso, no caso dos cachorros, é preciso que haja o “líder da matilha” que nesse caso, é o dono do bichinho de estimação.

Pra te ajudar a entender melhor o seu amigo e aprender algumas dicas, eu conversei com a zootecnista Caroline Serratto, adestradora da Cão Cidadão, equipe do zootecnista Alexandre Rossi, o Dr. Pet, da Rede Record.

Se você pretende comprar ou adotar um cachorrinho Caroline dá a dica: “antes de adquirir o animal, é necessário avaliar o tempo que a pessoa dispões para dedicar ao novo amigo e quais são as necessidades do pet, no que diz respeito a espaço, cuidados, alimentação e hábitos”.

Pra quem já tem um cão, e ele tem a “personalidade forte”, é agitado, desobediente e genioso, calma! Tudo tem solução e Caroline garante que todos os cães podem ser ensinados, até os mais velhinhos. Ela conta que “as dificuldades e facilidades dependem da raça, porte e temperamento do animal. Há também indivíduos mais dominantes, teimosos, medrosos, independentemente da raça ou tamanho”.

E como identificar que o cãozinho está com problemas? Como saber se ele está ansioso, estressado ou entediado? Nesses casos, é preciso observar bem o comportamento do animal para detectar o problema logo no início. A zootecnista esclarece que é preciso conhecer melhor o bicho e enxergá-lo como um animal, que merece todo respeito, mas que possui necessidades diferentes das nossas. “Por exemplo, o cão está roendo os móveis da casa. Então, tentamos tratar o efeito: tiramos o cão de dentro da casa. Porém, o problema continua ali, só está mascarado”, explica Caroline.

Em alguns casos também, o cachorro pode estar refletindo a postura de seu dono. Como o cão o considera um membro da matilha, é natural que ele tente imitar alguns de seus comportamentos. Por isso, é necessário que os limites sejam determinados de forma clara e objetiva ao animal, sem confundi-lo. “Saber diferenciar carinho de mimo também é fundamental: o animal mimado não tem limites, está sempre querendo mais, e normalmente é um cão ansioso e inquieto”, ressalta a adestradora.

Ela lembra que “o cão educado com carinho costuma ser mais tranquilo, sabe dos limites que tem, mas é respeitado como indivíduo também”.


Cão Cidadão
É uma empresa especializada em adestramento e comportamento animal que utiliza o Adestramento Inteligente baseado no reforço positivo sem ferir o animal. Também possui o projeto Cão Terapeuta, que realiza visitas a pessoas debilitadas. Outras informações acesse o site: www.caocidadao.com.br.





quarta-feira, 21 de abril de 2010

Um pé de cada

Eita lugarzinho cheio de teia de aranha... Puta que la merda! Nunca vi igual. Acho que levei muito a sério esse negócio de museu do post anterior e deixei juntar poeira pra ver se ficava antigo. E ficou!
Mas antes tarde do que cedo não é mesmo? Pra que fazer hoje se podemos deixar pra amanhã? Deus ajuda a quem reza e acende vela. Os últimos serão os primeiros a ficar pra trás. Água mole em pedra dura... Peraí, água mole? Se é mole não serve. A vida é dura pra quem é mole.
E a vida é dura pra quem não é normal.
Ser diferente é muito diferente. E diferente não pode! Diferente é estranho, é anormal, é fora dos padrões. E mais que anormal eu devo ser... Pra sair de casa com um pé de cada sapato.
Bem que eu tento ser normal. Me visto com a moda básica das pessoas normais. Como no fast-food ao lado de pessoas normais. Tomo uma cerveja no boteco com os amigos e me torno campeã do torneio de sinuca (é, que orgulho) como uma pessoa absolutamente normal.
Mas sair de casa com um pé de cada sapato, definitivamente, não é normal. No mínimo, o cidadão que consegue essa proeza tem alzheimer ou sérios problemas de concentração. Confesso que nunca tive problema em me concentrar e tô longe de ter alzheimer.
Mas sim! Saí de casa com um pé de cada sapato. Ou melhor dizendo, chinelinho (coisa de mulherzinha), sandália pros machos!
Explico: me arrumei, como de costume pra ir pra faculdade. Normal. A imagem é de uma pessoa absolutamente normal, tomando banho, escolhendo a roupa, se trocando, penteando os cabelos e colocando um pé de cada chinelo. Pra ver qual ficava melhor com a roupa eleita (mais uma coisa de mulherzinha). Escolhido o calçado, o próximo passo, de uma pessoa normal, seria trocar o pé do sapato preterido e colocar os dois pés do eleito. Certo?
Pois é, aí é que tá. Não sei onde eu falhei!
Terminei de me aprontar, saí me sentindo. Todos olhavam pra mim e eu me achei o último pedaço de filé mignon do açougue pros carnívoros ou a última bolacha do pacote de Calipso pros loucos por Calipso (a bolacha).
Entrei no ônibus, desci do ônibus, caminhei até a estação de trem, entrei na estação, passei por 3 caras que mexeram comigo, o que comprovou minha tese de que naquele dia eu tava abafando, esperei o trem com a segurança e autoestima de uma miss, entrei no trem e sentei.
Cruzei as pernas de maneira muito, mas muito sensual, abri meu livro e comecei meu teatro de garota superculta que gosta muito de ler.
Enfim, quando fui descruzar as pernas (uma delas já estava formigando) e cruzar novamente, obviamente de maneira tão sensual quanto a primeira percebi que estava usando um chinelo de cada tipo. E sim, dava pra reparar muito bem que não faziam parte da mesma caixa de sapato. Eles eram muito diferentes. E diferente não pode! Diferente não é normal e naquele momento me senti uma louca varrida totalmente anormal. Achei que só alguém com alzheimer trocaria as bolas, ou melhor, os sapatos desse jeito.
Dei aquela “fatiada” em volta pra ver se alguém tinha notado meu lapso e um carinha na minha frente só faltava se fundir com o banco, a janela e as partes metálicas do vagão. Percebi que ele estava segurando muito a risada. Coitado! Ele se segurou porque não é cavalheiresco rir de gente anormal. É preconceituoso e politicamente incorreto.
É claro que não iria continuar minha viagem daquela forma. Tudo bem que era véspera de carnaval, época em que se pode tudo, até homem com homem e mulher com mulher, mas eu não estava com humor pra aparecer na faculdade (onde só tem gente normal) com um pé de cada. Coisa de doido.
Desci na próxima estação com a certeza de que o carinha iria se matar de rir quando eu tivesse fora de sua visão, e voltei pra casa. Tentando fundir um pé com o chão, ou abrir um buraco e me enfiar dentro, ou sair gritando pro mundo que sou anormal mesmo, não tenho alzheimer, sou muito centrada, mas sou capaz de sair de casa com um pé de cada sapato sem me importar com os comentários alheios. Ou quase isso.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Museu pra manter viva a memória


Ano de eleição é sempre igual: Os políticos se atacam e os eleitores tentam se lembrar da vida pregressa de seus candidatos. Mas dizem que brasileiro tem memória curta. Prova disso, são políticos envolvidos em escândalos, mas que sempre voltam ao poder.

Outra característica que faz com que o povo brasileiro tenha a fama de esquecer rápido das coisas é que a maioria dos eleitores não se lembra nem em quem votou na última eleição. Pesquisas do IBOPE, de 2008, apontaram que 7 em cada 10 eleitores não se lembram quais foram seus escolhidos nas últimas visitas às urnas.

E pra te ajudar a se lembrar foi criado, pelo Diário do Comércio, o Museu da Corrupção, com um “acervo” dos maiores escândalos brasileiros desde 1960. Segundo o diretor do jornal, criador e responsável pelo projeto, Moisés Rabinovici, a ideia surgiu “a partir da constatação do óbvio: a cada novo escândalo de corrupção que chega aos jornais, o escândalo anterior é sempre relegado ao esquecimento. No Diário do Comércio ficamos incomodados. E esse incômodo foi o embrião do que é hoje o Museu da Corrupção, MuCo”.

Com projeto arquitetônico de Rodrigo de Araújo Moreira, o museu online possui um saguão principal onde você encontra várias salas com alguns clássicos, como o escândalo da família Sarney, o Valerioduto, as acusações contra Paulo Maluf e tantos outros.

O responsável pelo museu conta que a busca por todo material em exposição é feita diariamente e que estão buscando o histórico da corrupção desde o descobrimento do Brasil com os primeiros portugueses. Pra isso eles têm uma pesquisadora que se dedica todo o tempo a essa tarefa.

“O material chega a nós, abundante. Nem dá tempo para pequenas reformas. A garimpagem é diária, e a cada dia acrescentamos mais material ao nosso acervo, como um conta-gotas. Os anos 2000, até hoje, temos completos, atualizados.”, explica Moisés.

O MuCo foi projetado por um arquiteto de verdade, mas existe somente online. No entanto, já aconteceram exposições físicas no Centro Acadêmico XI de Agosto, da escola de Direito da USP, outra em Araçatuba e em Brasília, mês passado, no Tribunal de Contas da União (TCU) durante um seminário realizado para marcar o Dia Mundial de Combate à Corrupção, em 9 de dezembro.

Nesta última exposição o museu estreou sua maquete, feita sob a supervisão do arquiteto Rodrigo Araújo Moreira, autor do projeto arquitetônico do MuCo.


Tudo acaba em pizza?


No museu não poderia faltar a pizzaria, já que a maioria dos casos na política brasileira quase sempre acaba em pizza. No cardápio a pizza Sarney, Banestado, Mensalão, Bingos e outros sabores um tanto quanto indigestos, mas que fazem muito bem pra memória. A pizzaiola é a ex-deputada federal, e atual vereadora de São José dos Campos, Ângela Guadagnin que em março de 2006 protagonizou, no plenário, a dancinha da impunidade para festejar a absolvição de seu colega João Magno, envolvido no esquema do Mensalão.

O mais divertido no museu (seria mais divertido se não fosse verdade) é a loja de souvenirs. À venda: máquina de lavar dinheiro, meia com espaço pra guardar propina, camisa com colarinho branco em tecido superfaturado, passagens aéreas, grampos telefônicos e outras lembrancinhas.

O Museu da Corrupção tem um acervo muito rico e vale a pena a visita. Para Moisés o MuCo apoia o fim da impunidade e “o movimento para que os candidatos a cargos públicos, do vereador ao presidente da República, sejam submetidos ao crivo do ficha limpa, como são os consumidores quando pedem crédito. Político condenado por corrupção não deveria ser elegível, assim conquistando imunidade”.

Mas se você acha que acabou ainda tem a Casa de Ferramentas que te ajuda a chegar ao e-mail ou twitter do seu deputado ou senador pra cobrar aquela promessa feita na época da campanha eleitoral.

O endereço do Museu é: www.muco.com.br ou www.museudacorrupcao.com.br. Visite e divulgue! É seu dever como cidadão não esquecer dos casos que ferem não apenas a imagem do país, mas também o seu bolso.



terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Entrevista com a mãe do poeta


"Só as mães são felizes"

          Maria Lúcia Araújo gosta de ser chamada de Lucinha. Essa mulher batalhadora não desistiu mesmo diante de tantos problemas e dificuldades, e tornou-se um exemplo de dedicação e solidariedade. Tive o prazer de entrevistar Lucinha Araújo, mãe de um dos grandes poetas brasileiros e em homenagem a todas as mães, a dica é “Cazuza – O Tempo não Para”, que mostra a trajetória emocionante do início da carreira, em 1981, até a morte em 1990. O sucesso com o Barão Vermelho, a carreira solo, as músicas e a coragem de assumir publicamente a Aids. A vida louca, vida breve de um artista para quem o tempo não para.

Como era sua relação com Cazuza? Você se considerava uma super mãe?
Lucinha Araújo: Nossa relação era mais de irmã mais velha com irmão mais jovem do que de mãe para filho, porque nossa diferença de idade era muito pequena. Eu não me considerava uma super mãe, mas todos na família me consideravam, inclusive Cazuza e João, denominação essa que considerava pejorativa. Fui uma mãe como outra qualquer só que todo o meu amor se concentrou numa pessoa só por ele ser filho único. Hoje esse amor se divide entre as crianças da Sociedade Viva Cazuza.

Sua história teve muitas passagens marcantes, pois seu filho costumava viver intensamente. Mas teve alguma situação ou fato, que para você ficou marcado de uma forma difere
nte?
Lucinha: Várias situações marcaram as nossas vidas, aliás, conto todas ou praticamente todas no livro "Cazuza, só as mães são felizes". A que mais me emociona até hoje foi aquela: meses antes de morrer ele me olhou e disse "mãe aconteça o que acontecer eu vou estar sempre perto de você". É isto que sinto 18 anos depois.

Com certeza é muito doloroso para qualquer mãe perder um filho, ainda mais para uma doença como a AIDS. Como você superou sua morte precoce?
Lucinha: Não superei.

Como e quando surgiu a idéia de fundar a Sociedade Viva Cazuza?
Lucinha: A Sociedade Viva Cazuza surgiu de um show que foi feito na Praça da Apoteose, no Rio de Janeiro, em outubro de 1990 em homenagem a Cazuza. Os artistas decidiram que a bilheteria do show deveria ser doada para uma instituição que cuidasse de Aids e eu fui escolhida para fazer a doação. Naquela época o Hospital Gaffrée e Guinle era referência em Aids e fui até lá fazer a doação. Qual não foi minha surpresa quando os médicos disseram que não queriam só a doação, mas também meu trabalho.

E quais são as principais ações da instituição? Como ela se mantém e de que forma nossos leitores podem colaborar?
Lucinha: A Sociedade Viva Cazuza mantém três projetos, uma Casa de Apoio Pediátrico que abriga crianças carentes portadoras do vírus da Aids, um Projeto de Adesão ao tratamento onde acompanhamos socialmente mais de 130 pacientes em tratamento ambulatorial em dois hospitais públicos no Rio de Janeiro e um site educativo e informativo sobre Aids no endereço eletrônico : www.hiv.org.br. Sobrevivemos dos direitos autorais de Cazuza, doações, eventos beneficentes e eventuais convênios com órgãos públicos. Quem se interessar em nos ajudar pode fazer um depósito para:
Sociedade Viva Cazuza
Banco Bradesco
Agência 887-7
c/c 26901-8

Você contou suas experiências e fatos marcantes no livro: “Só as Mães São Felizes” da jornalista Regina Echeverria. Depois do livro, o que mudou pra você e qual o exemplo que conseguiu passar?
Lucinha: Ao passar para o papel nossa rica experiência de vida, pensei em ajudar a uma mãe que fosse e qual não foi minha surpresa ao saber que foram vendidos mais de 100 mil exemplares. Quanto a exemplo, não tenho a pretensão de ser exemplo para ninguém.

Esta obra resultou num filme, lançado em 2004 por Sandra Werneck: “Cazuza – O Tempo não Pára”. Obviamente não dá pra retratar uma vida inteira em 98 minutos, mas você acha que o filme foi fiel à sua história?
Lucinha: Concordo que 98 minutos é muito pouco para contar uma história de vida tão intensa. O filme apesar de se basear no livro, claro que não ficou à sua imagem e semelhança, mas foi um filme honesto.

Teve alguma passagem importante que deixou de ser contada?
Lucinha: Sim, a grande importância de Ney Matogrosso na vida de meu filho, tanto pessoal quanto profissional.

Segundo o site do Cazuza seu livro de cabeceira era “A Descoberta do Mundo” de Clarice Lispector. E qual era seu filme preferido?
Lucinha: Sim, Casablanca era um dos seus filmes preferidos tanto que assistiu mais de 25 vezes e sabia os diálogos de cor.



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