terça-feira, 11 de novembro de 2008

E ele me levou pro buraco

O último fim de semana rendeu. Revisei, corri e fui pro buraco. Calma, eu explico. Tive que revisar um trabalho de conclusão de curso, normal, sem emoção nenhuma e poucos erros de português. Mas o mais legal do dia foi a corrida. Finalmente participei da primeira corrida da vida. Nada de normal, com muita emoção e muita dor.
Já nos treinos, há mais ou menos 1 mês, descobri que havia alguma coisa errada com o meu joelho, e no dia da competição senti o peso da idade (rsrs). Nos primeiros 15 minutos de corrida, tava tudo ótimo, mas quando diminuí o ritmo pra dar aquela caminhada (ainda não agüento correr 40 minutos sem parar, mas um dia chego lá) senti a fisgada. Minha vontade, sinceramente, era de pedir pra alguém da equipe de apoio (aqueles babacas que ficam gritando palavras e frases de incentivo) me levar até a linha de chegada de carro, de bicicleta ou no colo.
Mas me surpreendi com a minha força de vontade e perseverança. Algo me dizia que realmente sou mais forte do que eu imagino. Tirei a calma e a constância do âmago e fui até o final. Corri mais do que caminhei e fiz os 5 quilômetros em 42 minutos e 04 segundos. É um ótimo tempo pra uma quase balzaquiana que saiu do sedentarismo há apenas 3 meses e começou a treinar na esteira há pouco mais de 3 semanas.
Apesar da dor e de ter que ficar com gelo no local o domingo todo, curti muito. Tudo bem que em alguns momentos me senti muito sozinha, mas acho que faz parte. Afinal de contas, no fim a gente é sozinho mesmo.
Minha família, meu namorado e todos os amigos do mundo poderiam estar do meu lado nos momentos de fisgada, em que achei que iria desistir, que não faria muita diferença. Eu tinha mesmo que passar por isso sozinha. E não reclamo. Foi uma baita experiência legal.
O lance agora é ir ao médico e cuidar desse joelho pra continuar treinando e quem sabe um dia diminuir o meu tempo, ou melhor, fazer 10 km em 42 minutos. Vaaaaaaaaaaaaaaai flecha! (piada interna)
O terceiro programa que fez o final de semana render foi meu namorado me levar pro buraco, literalmente. É que ele foi convidado pra um projeto do metrô, aliás, ele não foi convidado foi “adotado” por um funcionário do metrô.
E no domingo, aí sim, ele foi convidado (com acompanhante) pra um café da manhã no CCO (Centro de Controle Operacional, ou algo assim), onde a gente conheceu a sala de controle do metrô, bem parecida com aquelas salas dos filmes de ficção onde os caras têm vários computadores com telões na parede e dali têm que proteger o mundo de alguma invasão alienígena. Tá, exagerei, mas é bem legal. Depois de vestir nossas botas de EPI e colocar os capacetes de peão de obra fomos pra estação Butantã.
Vimos como vai ficar a estação, com toda a nova tecnologia e os produtos de primeira linha que estão sendo usados nas obras. Tudo bem que essa parte foi um “merchan” bem do vagabundo, mas também foi legal. Talvez até coloque na minha casa as pastilhas e cerâmicas que eles nos mostraram lá.
Mas a parte mais legal do passeio foi parar no buraco. Você pode até achar programa de índio, afinal que graça tem entrar num buraco de 32 metros de profundidade por um lance de escadas que parece não ter fim, depois descer num elevador de carga tosco que mais parecia o elevador onde o cara do filme “O Albergue” descia e subia com corpos empilhados num carrinho, pra ver um monte de ferro, cimento e um túnel imenso?
Ah... Tem bastante graça. Eu pelo menos, me senti uma desbravadora. Com exceção dos empreiteiros, engenheiros e pessoas ligadas a essa obra, fomos as primeiras pessoas a verem pessoalmente como ficará a estação Butantã do metrô. E vai dizer que você nunca teve vontade de entrar num túnel desse? Ou será que só eu que viajo na maionese a esse ponto?
Principalmente naqueles dias em que o trem está tão lotado que a primeira posição em que você estiver é a que você permanecerá pelos próximos 50 minutos. Nessas horas dá vontade de pedir pra pararem a bagaça. “Moço, vou descer! Vou pelo túnel mesmo, é mais arejado e até parece o túnel do brinquedo do Playcenter, muito mais legal”.
Foi um fim de semana e tanto, cheio de emoção. Tenho que agradecer à minha irmã japa por ter me proporcionado momentos tão emocionantes, saudáveis e dolorosos e ao meu namorado por ter me levado pra ver o buraco. Muito obrigada!

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Hora de voltar

Mais um dia sem internet. Como diria Funérea: “ai que infortúnio”. Até tenho coisas que dá pra fazer sem a bendita, e tô fazendo. Enquanto escrevo um pouco aqui, também escrevo um pouco lá.
Mas resolvi por pra fora mais um pensamento meu porque tô com isso na cabeça há um tempão. Assisti a um filme, já faz tempo, “Hora de voltar”, que mexeu muito comigo. Aliás, vale a pena a dica, um filmão!
E tem uma cena muito marcante pra mim em que os protagonistas (o rapaz e a moçoila) estão conversando na piscina, e em certo momento da conversa ele pergunta pra ela se já teve a sensação de que a partir de uma fase da vida, sua casa, aquela que você morou com seus pais toda a sua existência, se transforma só no lugar que você usa pra guardar suas coisas.
Tô nessa fase também já faz um tempo. Sinto que a minha casa (que nem é minha) é só o lugar que uso pra dormir, comer e guardar minhas coisas. Aí você pode se perguntar: ué, mas ela quer mais o que?
Quero a minha casa, do meu jeito, com a minha cara, pra formar a minha família... Já tô bem crescidinha e o tempo tá passando! Não que eu esteja desesperada pra casar, por exemplo, não... Não chega a tanto. Tudo bem que a pressão da sociedade, da família, dos amigos e afins é muito grande na nossa cabeça, afinal, hoje em dia namorar 7 anos seguidos e não casar logo é um feito heróico. Mas não temos tanta pressa. Eu disse que não temos tanta pressa, isso não quer dizer que não temos grande vontade e já estamos nos preparando pra isso.
O problema é que tem dias que me sinto uma intrusa na casa que sempre morei desde que nasci. Sinto que sou uma hóspede apenas de passagem. Sinto que uso esse lugar pra guardar as minhas coisas, pra dormir e pra comer. Nesses dias, se eu já tivesse a oportunidade nas mãos, pegaria minhas coisas e sairia correndo pra minha casa.
Às vezes me sinto até culpada por pensar assim. Foram eles que me deram tudo e foi naquela casa que cresci, que aprendi, que vivi os melhores e piores momentos da minha vida. Foi lá que brinquei a minha infância com o meu irmão mais velho, na casa da árvore, na rede, na escada e na balança gigantesca do pinheiro. Foi lá que vi minha vó ser “atacada” tantas vezes pelo galo quando ia apanhar os ovos pra omelete de espinafre ou pro bolo de chocolate no fim da tarde. Foi lá que vi meu irmão rachar a cabeça e o nariz (rsrs). Foi lá que presenciei centenas de encontros familiares, churrascos e festas de aniversário inesquecíveis. Foi lá que recebi meus amigos da escola pra fazer aquela maquete pra aula de ciências. Foi lá que chorei e senti a falta da minha vózinha querida quando ela se foi. Foi lá que tive brigas homéricas com meu irmão mais novo e também foi lá que fizemos as pazes tantas vezes. Foi lá que ajudei a minha mãe a criar a minha irmãzinha (me sinto mãe dela também), foram muitas fraldas, muitas comidinhas na boca e presilhinhas no cabelo pra levá-la na escola. Foi lá que suspirei com o meu primeiro amor e chorei com a decepção de não tê-lo conquistado. Foi lá que eu me refugiei na época da faculdade quando me estressava com os trabalhos e projetos intermináveis. Foi lá que suspirei outras vezes, com outros amores e outras vezes também chorei. Foi lá que suspirei e ainda suspiro todos os dias por ter a certeza que encontrei meu grande e único amor.
Agradeço a Deus todos os dias por ter essa casa (mesmo não sendo totalmente minha) e por ter essas lembranças, que sei que levarei pra minha casa e pro resto da minha vida.
Por mais que me sinta um pouco culpada por querer ir embora, sei que meu prazo de validade tá se esgotando. 27 anos nas costas me lembram que é hora (aliás, tá passando da hora) de procurar “o caminho da roça”, de seguir meu rumo, de construir, finalmente, o resto da minha vida pelas minhas próprias pernas. Espero que seja ao lado do homem que escolhi pra dividir a estrada comigo.
E espero que um dia, quando estiver bem longe, eu sinta que é hora de voltar!