terça-feira, 28 de setembro de 2010

A incerteza, a espera e o amor

A incerteza é silenciosa e louca. Ela grita calada. Incerteza é se jogar no vazio, é se entregar e é ter medo. Medo do que não se conhece, aquilo que nunca se viu ou aquilo que já se viu, mas que não se sabe se vai dar certo.
A espera é uma dama ansiosa que também pode enlouquecer. A espera pelo que ainda não se sabe como vai ser pode ser uma incerteza disfarçada de fé. Acreditar que vai dar certo faz a espera ser mais amena. Incerteza e espera juntas deixam qualquer um fora de si.
Assim como o amor. Que deixa as pessoas fora de si, cheias de incertezas e esperando que tudo dê certo!
Meus pensamentos me ajudam a me perder e já não sei mais onde eu te encontro. Tantos nomes, tantos rostos. Será que em um deles você vai estar? Inteira e incompleta. Aquilo que já se perdeu, o que não foi e penso em como seria se eu não tivesse acreditado.
Já não sei mais quem nós somos. Naquele momento um pedaço de nós dois foi junto. Escorregou pelos dedos. As mãos não foram fortes o suficiente pra aguentar o peso de tanto amor.
Mas se é tanto amor porque tudo parece tão difícil? Ela sabe pra onde quer ir e onde quer chegar, mas mesmo assim está perdida. Ele tenta se apoiar naquilo que ela foi um dia e sabe que ela consegue chegar onde imagina. Mas no momento os dois estão perdidos, estão surdos. Como disse a letra, eles vieram e estão do avesso, reverso do que é aceito. E continuo me alimentando do meu silêncio. E o silêncio me diz que é amor!
E ele também sabe que é amor e ela sente lá no fundo aquela dor que só sente quem tem muito amor. As coisas podem mudar, mas uma hora ou outra tudo torna a ser igual. E então? Você vai conseguir conviver com a rotina outra vez? A rotina de hoje é a incerteza, o medo e a espera. A rotina de amanhã pode ser felicidade, muita felicidade, mas vai continuar sendo incerteza e espera.
Ele disse certa vez que tudo na vida é amor ou expectativa de amor. A vida vai ser sempre incerteza, espera e amor.
E eu, nesse momento, sou só incertezas, espera e amor...

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Confissões das Mulheres de 30


Depois de toda essa loucura de quase 30, crise e tudo o mais é bom dar uma respirada e muitas risadas com um bom espetáculo de teatro. Que tal? A dica é a peça de Domingos de Oliveira “Confissões das Mulheres de 30” com as atrizes Juliana Araripe, Camila Raffanti e Patrícia Pichamone. Foi o programa do fim de semana e valeu muito!
Eu tiraria umas pouquíssimas frases, que particularmente achei meio exageradas e forçadas demais (que fique claro que não deixei de rir mesmo nesses momentos), mas no fim saí do teatro, não de alma lavada, acho que não é o objetivo da peça, mas pelo menos mais leve. Afinal, rir sempre deixa a gente mais leve né?
Fiquei com vontade de ver de novo, mesmo porque em determinado momento uma das atrizes, a Juliana, que aliás é bárbara, muito engraçada e desbocada que nem eu, teve uma crise de riso, que aparentemente fazia parte do script, mas que eu achei que foi uma crise de riso mesmo. Daquelas incontroláveis, que se tem que respirar, ou tentar, e pensar em algo bem triste pra ver se a normalidade volta.
Uma peça que dá pra se identificar. E não só as mulheres, já que são elas que confessam, mas os homens também fazem parte dessas confissões e também se identificam. O que se vê em alguns momentos são cutucões no marido/namorado/ficante ou o contrário. Na sessão que eu assisti, particularmente, um certo rapaz, com certeza, foi obrigado a dormir no sofá naquela noite depois de rir escandalosamente numa parte um pouco comprometedora pra sua companheira.
No final, o que fica é uma boa reflexão de uma das melhores fases na vida de uma mulher. Como diz o texto (mais ou menos): “Uma criança não tem passado, uma velhinha tem muito passado, mas não tem muito futuro, mas uma mulher de 30 tem os 2”. Vale a pena!

Juliana Araripe, Camila Raffanti e Patrícia Pichamone
Serviço:
“Confissões das Mulheres de 30” está em cartaz até 10 de outubro no Teatro Jardim São Paulo na Av. Leôncio de Magalhães, 382 – Santana – São Paulo.

Quase 30... quase crise?


Tenho que ser uma mulher bem sucedida. Tenho que ser uma filha dedicada e uma amiga leal. Tenho que ser dona de uma carreira brilhante e ter, atualmente, um ótimo cargo, numa ótima empresa, ou ter minha própria empresa que fatura, no mínimo, 6 dígitos por ano, afinal já tenho quase 30. Tenho que ser muito bem casada, ou muito bem descasada. Tenho que cuidar bem da(s) criança(s) e ser uma mãe perfeita. Tenho que cuidar do meu marido, ou ex, afinal já tenho quase 30 e já deu tempo de ser mãe e ter ex-marido.
Tenho que ser dona de uma bela casa e de um carro do ano, afinal tenho um ótimo emprego naquela ótima empresa, que valoriza meu trabalho, minha competência, meu talento e me paga muito bem.
Tenho que ser uma mulher gostosa, sem gorduras localizadas, bunda flácida ou peitos modestos. Tenho que ter feito pelo menos uma cirurgia plástica e frequentar a academia pelo menos 3 vezes na semana, afinal tenho quase 30 e com quase 30 o metabolismo costuma ficar leeeeento.
Tenho que saber tudo! Desde os preços no supermercado até o atual panorama da situação político/econômica do país, passando por trocar o pneu ou verificar se o nível do óleo do carro está bom.
Tenho que me vestir bem, ser antenada em moda, estilo, comportamento e se eu for bem descasada, tenho que saber que dar no primeiro encontro já não é mais tão ruim, afinal tenho quase 30 no século 21. As mulheres (quase) conquistaram o seu espaço e respeito e podem dar pra quem quiserem quando bem entenderem!
Diante de tanta pressão por ter que ser e ter um monte de coisas só porque tenho quase 30, entro em parafuso. Crise? Pode ser... Tenho ouvido muito falar em crise dos 30 anos, talvez porque eu esteja beirando os 30. Dizem que quando você está com uma coisa na cabeça tudo o que você ouve ou vê tem a ver com essa coisa.
Me perguntaram se eu tenho medo da crise dos 30. Acho que não... Medo, medo mesmo talvez não. Mas sinto um troço estranho... É como se eu tivesse perdido quase 30 anos porque ainda não tenho nem a metade de tudo o que uma mulher de quase 30 tem que ter.
Tenho que admitir que estou longe de ser uma filha dedicada. Amiga leal eu tento ser, mas também tento não ser tão leal pra não correr o risco de me decepcionar.
Não tenho um emprego perfeito que me paga rios de dinheiro, mal tenho um emprego. Não tenho a minha própria empresa que fatura mais de 6 dígitos por ano. Ainda não sou bem casada nem bem descasada e meu relógio biológico me diz diariamente que tenho que ter uma criança logo (acho que até os 32 eu chego lá).
Tenho quase uma casa. Ela ainda não tá pronta e nem tá paga, também estamos quase lá (digo estamos porque com o meu não-emprego e a módica quantia que o namorado recebe no cargo público temos que contar com pai e mãe-trocínio, no caso sogros-trocínio). Não tenho o carro do ano, nem carro eu tenho.
Meu metabolismo ficou leeeeento, não fiz nenhuma cirurgia plástica (ainda), tenho peitos modestos, algumas gorduras localizadas cultivadas sem muito esforço ao longo desses quase 30. Pelo menos a bunda ainda não tá tão flácida. Não me visto conforme a moda. Nem sou antenada nessas coisas. Na verdade, na maior parte do tempo me visto como se ainda tivesse 20. E não é por causa da crise dos 30. É meu estilo mesmo... Ou falta de...
Não sei tudo! Admito. Sei bem menos do que gostaria e do que imaginava que eu saberia com quase 30. Por outro lado sei bem onde não quero chegar. O que não quero ser. E uma das coisas é que não quero ser neurótica nem ir conforme a maré só porque acho que não tenho forças pra fazer o contrário. Tenho a mim. Inteira. Às vezes, sou só pedaços, mas consigo me achar.
Tenho muito mais do que sei que mereço, mesmo não sendo escrava dessas coisas todas que se tem que ter com quase 30. E sim, sou feliz! E daqui a um ano poderei dizer com orgulho que conquistei muito mais do que queria. E daqui a um ano farei melhor o amor.

“As jovens sonham melhor o amor, as mais velhas conservam sua recordação. As mulheres de 30 fazem melhor o amor.” (Domingos de Oliveira)