terça-feira, 23 de junho de 2009

Melhor banda do mundo!

Em show inusitado, Pato Fu mostra alegria intacta

Tiago Agostini

O hall de entrada de um shopping center às 12h30 do primeiro domingo do inverno talvez não seja o local ideal para um show de rock. Na verdade, o inusitado do local e o horário desfavorável fazem até pensar que o público ou será pequeno e composto por curiosos que apenas passam pelo local a caminho, provavelmente, da praça de alimentação. Mas o cenário é completamente diferente e os quatro andares que dão visão para o palco (mesmo que algumas pessoas consigam ver apenas alguns fios de cabelo da vocalista) estão tomados por fãs que fazem os versos mais conhecidos ecoarem. Não é por menos. Estamos diante da melhor banda de rock em atividade no país, o Pato Fu.

Lá se vão 16 anos que Fernanda Takai (voz, violão), John (guitarra) e Ricardo Koctus (baixo) lançaram seu primeiro disco, Rotomusic de Liquidificapum. De lá para cá, a banda cresceu e hoje conta com Xande (bateria) e Lulu Camargo (teclado), mais sete discos de estúdio e um ao vivo foram lançados. John se tornou um dos principais produtores do país, Ricardo e Fernanda lançaram seus discos solo, eles fizeram shows pelo Japão e, principalmente, cravaram alguns dos hits mais marcantes dos anos 1990 no rock nacional (qualquer pessoa sabe os poucos versos de “Sobre o tempo”, por exemplo).

Foi principalmente isso que se viu em uma hora e meia de show: os principais hits da banda, sem canções obscuras ou surpresas no repertório (“Gimme 30”, a única do disco de estreia, foi a exceção que confirmou a regra). Estiveram presentes “Perdendo dentes”, “Eu” – quando a banda resolveu fazer um pouco de “barulho gostoso”, nas palavras de Fernanda - , “Antes que seja tarde”, “Made in Japan” e “Canção pra você viver mais”.

Os pedidos incessantes da plateia por “Pinga” não surtiram o efeito desejado. Com a palavra, Fernanda Takai: “Nós tínhamos um pacto com o Los Hermanos: eles não tocavam 'Anna Julia' e a gente não tocava 'Pinga'. Eles voltaram a tocar a música e, veja só, a banda acabou.” Para encerrar a primeira parte, “Depois”, a intitulada canção mais fofinha da banda. Para o bis, “Woo” (a canção com o refrão mais fácil de Minas Gerais) e “Uh, uh, uh, la, la, la, ie ie”.

O Pato Fu diminuiu bastante a frequência de seus shows, muito em função da agenda mais lotada de Fernanda. Mesmo assim, continuam com uma das melhores apresentações do rock nacional. Mesmo em um show menos ousado como esse, fica nítido que a banda conseguiu atravessar toda sua carreira com uma dignidade poucas vezes vista no cenário brasileiro. Mesmo quando soam extremamente pop, eles não perdem a originalidade e, em cima do palco, parecem sempre ser aqueles mesmos jovens que pulavam por todo palco do Domingão do Faustão há quase 15 anos. Os anos passaram, os cabelos caíram ou embranqueceram, os filhos vieram, mas a alegria continua ali, intacta.

http://musica.ig.com.br/noticias/2009/06/22/em+show+inusitado+pato+fu+mostra+alegria+intacta+6870926.html

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