quinta-feira, 3 de julho de 2008

Mais uma da benga

Pois é! Tenho uma benga mesmo. Preciso contar o ocorrido do último fim de semana. Fomos, eu e mais 3 amigas, a um bar, muito bacana por sinal, banda tocando ao vivo, um pessoal nem tão feio e nem tão bonito (o povo dessa cidade é assim), cervejas e muita risada. Nós temos esse dom, de rir muito de qualquer coisa, e como isso é bom!
Enfim, a certa altura da noite, uma das amigas já tinha se arranjado (rs) e ficamos as outras três bebendo, dançando e rindo (pra variar). Percebi uma movimentação diferente de um pessoal que estava bem na nossa frente, numa mesa. O detalhe é que era um povo mais pra feio do que pra bonito, não é despeito, é verdade mesmo.
Digo que não é despeito, porque eu percebi que eles estavam justamente falando de mim. Exatamente. Um deles (o mais feio) comentava alguma coisa, olhava pra mim e ria, não necessariamente nessa ordem. Foi quando, eu muito esperta, prestei atenção ao que estava acontecendo e vi que a única menina da mesa (nem tão feia, nem tão nada) fez um comentário singelo: “o bom é que ela fica dando uma piscadinha permanente”. Não foram essas as palavras, mas algo assim.
Não agüentei. A vida toda eu sempre fiquei calada quando sabia que rolava esse tipo de brincadeira com a minha companheira, na verdade quem sempre me defendia, principalmente na escola, era meu irmão mais velho. Mas agora, não mexe com ela que eu viro o bicho, agora eu posso. A benga é poderosa mesmo, não pensei duas vezes e com certeza, acabei com a noite daquelas pessoas. Se não acabei, pelo menos as deixei bem constrangidas.
No momento em que ouvi o comentário, fui até a mesa e falei: “Vocês são bem lindos pra ficar falando dos outros não é mesmo?”. Eles ficaram com cara de ué, e o feinho autor principal dos comentários me perguntou o que eu tinha falado. E eu, bem educada fui até o ouvidinho do rapaz e falei de novo: “Você é lindo pra fazer comentário da aparência dos outros né? Por acaso, você já se olhou no espelho? Faz o seguinte, vai agora no banheiro e dá uma olhadinha rápida, você é muuuuuuuuuuito feio!”
E foi com essa entonação no ‘muuuuuuuuuuito’ que eu falei. O melhor é que não fiquei nervosa, pelo contrário. O desprovido de beleza, é óbvio, fingiu não entender do que eu estava falando e fez uma cara de: “Ué, ela é louca!”
Claro que depois disso fiquei um bom tempo encarando as figuras, pra ver se teriam coragem de continuar o papo, e é claro que não tiveram. Ficaram muito sem graça. A garota não sabia pra onde olhava e o clima ficou um pouco tenso entre eles por alguns minutos.
Pra mim, o clima foi ótimo. Senti que sou muito mais eu. Na hora lembrei que tenho um namorado gato, e muitos outros que gostariam de usufruir dessa que vos fala. Nunca tive problema em paquerar e ser paquerada, aliás, mesmo depois de tantos anos de namoro, vejo que ainda dou um bom caldo e constantemente tenho o meu ego inflado por causa de olhares e elogios cheios de segundas intenções. Eu, claro, sempre retribuo com uma piscadela marota! (rs)
É claro que esse foi apenas um dos episódios marcantes naquele dia, não vou contar os outros aqui pra não queimar o filme de algumas pessoas (rs).
Esse também foi um episódio que deu uma lavada na alma e uma fortalecida boa na minha auto-estima e confiança no meu taco... Ops, na minha benga! Vi que sou muito mais forte do que eu imaginava mesmo.
Mas ainda tenho minhas fraquezas. Foi só chegar em casa depois e me deparar com o espelho (depois de algumas cervejas e a consciência não tão consciente assim) pra me debulhar em lágrimas. No outro dia me arrependi. Não tanto por chorar pelo que aconteceu, mesmo porque lavei meu canal lacrimal como há muito tempo não fazia, mas por ver que ainda tenho muitas fraquezas e que tenho muito que aprender comigo mesma.
Aprendi que não é o espelho que é cruel, eu é que sou.

Nenhum comentário: