quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Era uma vez uma estrela...

Remela nos olhos, a cabeça descabelada, o pijama de florzinha... Mal tinha acabado de acordar e já sabia bem o que queria: brincar! E quando começava ela podia ser quem quisesse e como quisesse, vestida de bailarina, ou de aventureira, ou de professora, ou de astronauta, ou simplesmente vestida de mamãe. Pequenina, quase como suas bonecas, ela viajava e era uma pessoa diferente todo dia.

E ela sonhava, ria, cantava, falava sozinha... Opa, sozinha não! Ela falava com os brinquedos e eles respondiam. Sim, eles respondiam.

De manhã tinha a pausa na brincadeira pra mamadeira (ta, ela foi escrava da mamadeira até os 7 anos e o que é que tem? Oras...). Enfim, depois de ter o seu momento bebê em frente à tv, vendo desenhos e propaganda de brinquedos ela voltava pro quarto. Voltava a sonhar. Voltava a rir, cantar e a falar sozinha.

Ela tinha a coleção inteirinha das Chuquinhas. Bonecas pequeninas, com uma cabeça enorme, roupinhas de florzinha (assim como seu pijama), berços, cestinhos, cavalinhos, balancinhas... Sim, tudo no diminutivo. Assim como a garotinha: inha! Ela também tinha a coleção dos pôneis, e muitas bonecas, tinha boneca que se bronzeava de verdade, que andava, que falava, que fazia pipi, que comia papinha, que soltava bolinha, que andava de bicicleta, que tinha cheirinho bom, que tinha cabelo colorido...

Mas o tempo passa tão rápido. Outra pausa já se anunciava: teria que tomar banho, se aprontar, saborear uma deliciosa omelete de espinafre (que deixava ela forte como o Popeye), escovar os dentes e ir pra escola. E ela gostava de estudar (ta, no prézinho não se estuda efetivamente, é mais brincadeira que estudo, mas mesmo assim ela gostava).

Às vezes, na escola, a garotinha se pegava pensando numa estrelinha. Uma estrela diferente, azul e vermelha, que a fazia sonhar, rir, cantar e falar sozinha. Essa estrela transformou a vida de muitos pequeninos como ela. Ainda bem que naquela época não tinha computador. A estrela brilhava, e muito!

Na volta da escola tinha cheiro de bolo de chocolate da vovó e mais sonho! A ideia era correr pro quarto e continuar a brincadeira. E como testemunhas: o robô Artur, os bonequinhos do Comandos em Ação de seu irmão, o Falcon, o ferrorama, o pula-pirata, o jogo da operação, o aquaplay, o boca rica, a pipoqueira, o vire a mesa, o pega-pulga, o He-man, o pogobol, o tapa certo, o pega varetas e tantos outros...

A coleção das chuquinhas a garota guardou com muito carinho por muitos anos. Mas ela cresceu e achou que não tinha mais idade pra ter bonecas, ela já era uma mocinha e boneca era coisa de criança. Mas ainda bem que aquela criança dentro dela não morreu, ainda está bem viva e guardou todas as doces lembranças num lugarzinho bem especial. Afinal, toda criança que viveu na década de 1980, tem uma Estrela dentro do coração!




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