domingo, 27 de dezembro de 2009

A vida é mesmo coisa muito frágil

Só mesmo algo tão profundo como a reflexão sobre a morte pra fazer eu me mexer e botar esse blog pra funcionar de novo! Aos parcos leitores disso aqui, peço desculpas. Mas prometi pra mim mesma que não vou deixar mais isso acontecer...

No fundo esse blog serve mais como psicanálise grátis do que como um lugar que alguém pode usar pra mostrar algum talento (confesso que quando leio alguns textos que escrevi sinto que até tenho um pouquinho, mas na maioria das vezes, me acho meio normalzinha demais pra escrever, mas enfim, sou uma daquelas pessoas que tentam).

Quase nunca tive medo da morte.

Na verdade tive contato direto com a morte poucas vezes. Meu avô paterno (o materno, não tive a honra de conhecer nessa vida), minha madrinha querida (que sofreu muito com um câncer danado), um tio descendente de alemães com russos que tinha jeito de bravo, era bravo, mas comigo era um doce (tenho ótimas lembranças dele e tento esquecer que ele também sofreu com câncer), um vizinho querido (que parecia mais avô que vizinho, e nem era tão vizinho porque morava na rua de trás da minha casa, mas parecia mais avô porque ele me tratava bem. Ele se chamava Seu Zezé, e quando pequena eu achava mesmo que ele era meu: Meu Zezé).

E por fim, minha amada vózinha (que era bem rabugenta pra uma avó, mas cuidava de mim e do meu irmão com muito carinho, com direito a omelete de espinafre e bolo de chocolate. Sinto pena pelos meus irmãos mais novos não a terem conhecido).

Só contei as mortes que mexeram realmente comigo. Mas de uma forma ou de outra, foram mortes normais (estranho dizer isso). Os cinco já eram mais velhos e tinham alguma doença quando receberam o beijo daquela que bota medo em muita gente.

Pois é, e eu quase nunca tive medo.

Todo mundo sabe que a única certeza da vida é a morte (clichezão total, mas é verdade), mas ainda não aprendemos a lidar direito com ela. Acho que é porque nos apegamos tanto a tanta gente que fica difícil imaginar que aquela pessoa que te faz tão bem um dia, sem mais nem menos pode não estar mais ali. E o que vai ficar é só saudade...

Estranho!

A vida é estranha e a morte muito mais! Num minuto sou eu e no minuto seguinte posso ser só uma lembrança.

Quase nunca tive medo da morte. Sempre imaginei que vou morrer bem velhinha, de velhice mesmo. Não quero morrer jovem. Fico pensando que se eu morrer jovem a vida vai continuar e eu não vou estar nela pra viver tudo o que eu quero.

O problema é que nos apegamos à vida e é difícil abrir mão do que se gosta. Nos apegamos às pessoas, mas não pensamos que a única pessoa que temos certeza que vai passar todo o tempo conosco somos nós mesmos.

Mas hoje tive um pouquinho de medo da morte.

Fiquei sabendo que um colega da minha turma de pós-graduação recebeu o tão temido e esperado beijo, nessa noite num acidente de carro. Ele só tinha 25 anos... Tão jovem. A vida vai continuar e ele não vai estar mais nela pra realizar tudo o que ele queria.

Estranho!

Tô sentindo medo, não tanto por mim, apesar de não querer ir embora logo (dona Morte, me deixe ficar velhinha), mas pelas pessoas que eu tanto amo. Me apeguei... E vai ser bem difícil ver algum deles partir, ainda mais se forem jovens.

Fiquei com medo de não ter tempo de dizer tudo o que se tem que dizer pra quem a gente ama. Fiquei com medo de perder alguém pra Morte depois de ter deixado palavras ásperas pra esse alguém.

Não nos damos conta, na maior parte do tempo que a palavra tem muito poder, e às vezes, deixamos palavras feias pelo ar... Não damos o devido valor pra cada momento especial ou não.

Não nos damos conta de que a vida é uma só (pelo menos com a consciência que temos nessa vida) e nem que ela é uma grande aventura e ficamos preocupados com as coisas erradas.

Damos valor pra tanta coisa torta que perdemos os sentidos pras coisas certas.

Vou tentar. Prometo pra mim mesma que vou tentar viver essa vida de agora como deve ser vivida. Afinal, a vida é uma fagulha e como diz o poeta: “a vida é mesmo coisa muito frágil”.


LUZ!

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